CODFISH WATERS

First ladies

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 23 Junho, 2008

 

Enquanto não estão escolhidas as caras para vice-presidentes, o acompanhamento mediático das eleições americanas centra-se também na batalha das primeiras damas. Cindy vs Michelle. A última Newsweek tem um retrato de 6 páginas da mulher de McCain, incluindo as controvérsias da sua vida a dois com o candidato republicano. Cindy acredita vir a ter um papel importante na Casa Branca:

Cindy is McCain’s “best friend, best adviser and closest confidant,” she says. As First Lady, she would not sit in on cabinet meetings. But the White House would give her a platform to advance causes, like special education, that are important to her.

O NY Times, numa óptica distinta, analisa a vida de Michelle Obama para explicar como a mulher do candidato democrata procura escapar aos ataques de falta de patriotismo de que foi alvo:

Mrs. Obama has already had to check her brutally honest approach to talking about race. Now she co-stars in a campaign that would as soon mute most discussion of race.

As her plane descends into a northern Montana valley, she sounds like a woman who wishes she could sit voters down for a long talk. “You know, if someone sat in a room with me for five minutes after hearing these rumors, they’d go ‘huh?’ ” she says. “They’d realize it doesn’t make sense.” She extends her long arms, her voice plaintive. “I will walk anyone through my life,” she says. “Come on, let’s go.”

A investigação da vida da mulher dos candidatos vai continuar nesta corrida, e ambos vão procurar mostrar o lado melhor das suas acompanhantes. De certa forma seguindo a orientação partidária, a candidata republicana a primeira dama parece mais parecida com as duas Bush, Barbara e Laura, enquanto “the rock” Michelle será mais do género Hillary. Vamos ver em que termina.

Verdades sobre Obama

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 19 Junho, 2008

Barack Obama wears a FLAG PIN at all times. Even in the shower.

Barack Obama goes to church every morning. He goes to church every afternoon. He goes to church every evening. He is IN CHURCH RIGHT NOW.

Barack Obama’s skin is the color of AMERICAN SOIL.

Mais aqui.

Oito meses num gráfico

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 11 Junho, 2008

Este gráfico do Wall Street Journal é uma boa ilustração e resumo das primárias democratas. O artigo faz uma excelente autópsia da campanha de Clinton. (via Andrew Sullivan):

Obama-Bloomberg

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 9 Junho, 2008

Pouco provável, mas para mim este seria o “ticket” ideal:

História do presente

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 4 Junho, 2008

Neste caso o cliché justifica-se: foi uma campanha histórica, foi uma vitória histórica, é um dia histórico.

Imagem: Business Week

 

Fishtoon

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 12 Maio, 2008

Via Slate

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Fishtoon

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 12 Maio, 2008

Via Slate

Terá mesmo chegado ao fim?

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 9 Maio, 2008

João Jesus Caetano apresenta no Goodnight Moon cinco razões pelas quais a corrida democrata pode não ter chegado ao fim. Destaque para:

Clinton poderá vir a ter na Virgínia Ocidental e no Kentucky duas das três melhores perfomances eleitorais em todo o processo. Ninguém, no seu juízo completo, abandonaria a corrida dias antes de vitórias dessa dimensão.

 

Indiana e NC

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 6 Maio, 2008

6.35pm ET: Hoje julgo que vou “tirar o chapéu” a esta senhora.

Those were the days…

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 21 Abril, 2008

Dando crédito à evolução do Wall Street Journal, vale a pena ler o artigo sobre os dias de luta política de Obama em Chicago e como estes influenciaram o candidato democrata às presidenciais americanas. Como diz Don Rose, um consultor político:

Chicago was his Harvard of politics. Had he gone to Cleveland or New York or Atlanta, it might have been a different path.

À volta deste tópico, está a discussão sobre a capacidade de Barack Obama de ser eficaz no combate contra os republicanos na campanha final de Novembro, assim como de perceber se é capaz de enfrentar a dureza de uma Presidência dos EUA. Este debate surge na sequência de algumas críticas em relação à performance de Obama nas últimas semanas durante a campanha para as primárias de amanhã na Pensilvânia.

 

 

Petraeus II

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 12 Abril, 2008

Via Time

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Petraeus

Posted in Estados Unidos, Internacional by Francisco Camarate de Campos on 9 Abril, 2008

Petreaus

O General Petraeus e o embaixador Crocker estão nestes dias a explicar os desenvolvimentos no Iraque ao Comité de Relações Internacionais do Senado (com a presença dos três candidatos à Presidência dos EUA). O depoimento inicial de Petraeus aqui. Comentários aqui, aqui e aqui. Vale a pena também ver a apresentação que Petraeus trouxe ao Senado – Petraeus (via Newsweek). Interessante igualmente recordar o que Petraeus dizia em 2004 sobre o mesmo assunto:

There will be more tough times, frustration and disappointment along the way. It is likely that insurgent attacks will escalate as Iraq’s elections approach. Iraq’s security forces are, however, developing steadily and they are in the fight. Momentum has gathered in recent months. With strong Iraqi leaders out front and with continued coalition – and now NATO – support, this trend will continue. It will not be easy, but few worthwhile things are.

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Bill Richardson, Vice-Presidente?

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 3 Abril, 2008

Escrevi sobre a palestra em que estive presente, porque acredito que Bill Richardson é neste momento o candidato número 1 a Vice-Presidente, caso Obama vença a actual corrida com Hillary Clinton. Bill Richardson é para a campanha de Obama um importante complemento ao nível da comunidade hispânica e dos conhecimentos, e sobretudo a experiência, em política internacional. Bill Richardson, antigo Embaixador Americano nas Nações Unidas na era Clinton, participou várias vezes na negociação de sequestrados: por exemplo, Richardson disse-nos hoje que esteve a semana passada na Colômbia a assessorar o Presidente Uribe no conflito com as FARC. Obama por seu lado, apesar do seu judgement sobre o Iraque, é claramente um candidato mais focado nas questões domésticas. O seu comentário sobre a negociação com líderes controversos, apesar de provavelmente genuíno, deixou entender estar pouco oleado sobre o tema.

Richardson acrescenta assim a Obama duas componentes fundamentais. Em primeiro lugar, o poder eleitoral junto de Latinos. Depois o duplo valor de ter experiência em relações internacionais. Antes de mais, pelas competências que traz à campanha quando o candidato republicano é John McCain. Depois, pela complementariedade num possível futuro com Obama/Richardson como Presidente/Vice-Presidente, sobretudo quando os EUA têm que jogar nos próximos anos com mestria em dois tabuleiros: domesticamente, recuperar uma economia em recessão, e internacionalmente, reencontrar um rumo de certa forma perdido. Agora, dito isto, será que a campanha de Obama está em condições de (e quer) apresentar-se na corrida final com um dueto de candidatos oriundo de minorias?

Bill Richardson

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 3 Abril, 2008

Em virtude de me encontrar neste momento em Boston, tive hoje (ontem) a oportunidade de ver e ouvir Bill Richardson, que recentemente decidiu apoiar Barack Obama na corrida a candidato democrata à Casa Branca. Devo dizer que fiquei pouco impressionado em termos gerais com as respostas às várias perguntas que recebeu, talvez porque tivesse elevadas expectativas em relação a este Governador do Novo México. Disparou para todo lado com as medidas que gostaria de implementar se tivesse sido escolhido para Presidente, até que a certa altura o entrevistador teve que lhe perguntar: “mas aonde é que tem dinheiro para isso tudo?” Adicionalmente, mostrou conhecimentos apenas superficiais dos vários temas que abordou, excepto em termos de política internacional, a sua especialidade.

Nos temas interessantes, disse que apoiava Obama porque “there is something special about this man; don’t know what it is, but it’s good”. Não se alongou sobre políticas de Obama, nada, apenas justificou o seu apoio por acreditar que Obama vai mudar a imagem que o Mundo tem neste momento da América. Na pergunta de maior expectativa, se estaria interessado/tinha sido convidado para ser candidato a Vice-Presidente de Obama, riu-se e deixou entender com meias palavras que é o que espera com este apoio. Como conhecido negociador, talvez já tenha isso negociado no contrato de endorsement. Sobre o facto de ter sido comparado a Judas por James Carville, respondeu que os “Clintons have a sense of entitlement, but why should they be the ones again? There are others around that might want to have a voice as well”.

Ao nível de políticas concretas, na economia, foi confuso. Em relação ao Iraque, defendeu o envio de uma força de segurança das Nações Unidas, no seguimento de uma saída relativamente rápida dos EUA. Em termos de outras políticas internacionais, abordou com sobriedade uma intervenção por razões morais no Sudão, um diálogo com a Rússia e uma estratégia clara para a relação com o Irão.

Gerir o terrorismo

Posted in Estados Unidos, Internacional by António Luís Vicente on 2 Abril, 2008

Durante a sua campanha presidencial em 2004, John Kerry foi muito atacado devido ao que disse sobre terrorismo numa entrevista no New York Times

When I asked Kerry what it would take for Americans to feel safe again, he displayed a much less apocalyptic worldview. ”We have to get back to the place we were, where terrorists are not the focus of our lives, but they’re a nuisance,” Kerry said

Esta posição faz muito sentido mas era demasiado realista (e politicamente insensata) num contexto no qual o 11 de Setembro estava emocionalmente mais presente do que hoje. A escolha da palavra “nuisance” também não foi das mais felizes.

 

A frase foi ampla e cinicamente explorada por Rove e companhia, como exemplo da insensibilidade de Kerry. 

Passados quatro anos, a questão ainda é delicada e seguramente não veremos os actuais candidatos a cometer o mesmo erro. Mas cada vez mais, principalmente no meio académico, as pessoas começam a compreender o que Kerry queria dizer com “nuisance”. A ideia é precisamente evitar o tipo de retórica e de “politics of fear” propagada pela actual administração. Fazer do terrorismo o foco central da acção de uma democracia é jogar o jogo dos terroristas, pois estes agradecem ser fonte de obsessão. Por último, o discurso emotivo à volta da questão, compreendendo-se em parte, tende a resvalar para absolutos morais e proclamações inflamadas e estas perjudicam a gestão do dia a dia do combate ao terrorismo.

Uma das vozes mais calmas e lúcidas nesta questão é a de Jeremy Shapiro, da Brookings Institution. Num interessante position paper, Shapiro aponta os custos deste discurso emotivo e apresenta um conjunto de recomendações: 

There have been no terrorist attacks in the United States since 9/11, but it is far from clear whether the government’s efforts have made the difference. Policy discussions of homeland security issues are driven not by rigorous analysis but by fear, perceptions of past mistakes, pork-barrel politics, and insistence on an invulnerability that cannot possibly be achieved. It’s time for a new, more analytic, threat-based approach, grounded in concepts of sufficiency, prioritization, and measured effectiveness. 

Faith-based economics

Posted in Estados Unidos, Portugal by Francisco Camarate de Campos on 28 Março, 2008

Com duvidoso sucesso, os choques fiscais de redução de impostos foram introduzidos pela primeira vez nos EUA por Ronald Reagan. Kevin Hassett, actual assessor económico de John McCain, explica o porquê destes choques:

What really happens is that the economy grows more vigorously when you lower tax rates. It is beyond the reach of economic science to explain precisely why that happens, but it does.

Esta política que espera aumentar as receitas fiscais apesar da redução das taxas ficou conhecida por supply-side economics, em oposição à keynesiana demand-side economics. Segundo Dani Rodrik, depois do comentário de Hassett, deveria no entanto actualizar o seu nome: de supply-side economics deveria passar a faith-based economics!

The audacity of a speech

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 21 Março, 2008

Só agora consegui ver o discurso de Obama sobre questões raciais (são 37 minutos!). Já tinha lido alguns artigos sobre o assunto pelo que tinha expectativas elevadas. A quente: 

  • Excelente discurso, cerebral mas por vezes emotivo, subtil.
  • Encara de frente questão polémica, quando talvez fosse suficiente um forte repúdio face às declarações do seu antigo pastor;
  • Não usa absolutos morais, condena mas não renega pastor, não mostra vergonha em relação ao seu passado;
  • Usa esta polémica e uma situação que o coloca na defensiva como mote para falar do “elefante na sala” – ou seja do tema central mas difícil de abordar e de assumir: a questão racial. Um político menor teria feito o discurso após a polémica de Geraldine Ferraro, ou seja num momento em que está no papel de “vítima”, não no papel de “acusado”.
  • Como disse Jon Stewart, Obama dirigiu-se às pessoas como se elas fossem adultas e inteligentes. Não teve medo de usar palavras difíceis, citar frases eruditas, invocar nuances e defender conceitos complexos e passíveis de serem mal interpretados. Até a duração do discurso, neste caso, foi “contra as regras”.

É já um cliché dizer que os políticos avaliam-se nos momentos dificeis. Até ao Verão ou até Novembro, caso seja o escolhido pelos democratas, ou até sabe-se lá quando, se for eleito presidente, Obama terá ainda muitas provas a superar. Caso seja o próximo presidente dos EUA, o principal desafio será certamente o de conciliar o dia a dia de uma presidência – as negociações e cedências, as zonas de ambiguidade moral, as decisões duras mas necessárias – com a retórica de mudança de paradigma. Mas, para já, a forma como Obama lidou com esta polémica revela um político superior, que se torna melhor quando confrontado com uma adversidade. 

É grave

Posted in Estados Unidos, Internacional by Francisco Camarate de Campos on 16 Março, 2008

Martin Feldstein, Presidente do National Bureau of Economic Research, afirmou perante uma plateia de investidores que a situação económica nos EUA é muito complicada, podendo esta ser a recessão americana mais grave desde a segunda Guerra Mundial!

The situation is very bad, the situation is getting worse, and the risks are that it could get very bad. There’s no doubt that this year and next year are going to be very difficult years.

Tendo em consideração que o NBER apenas confirma oficialmente uma recessão 6 a 18 meses depois desta se ter iniciado, é preocupante que o seu Presidente tenha neste momento este discurso tão alarmista.

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Fresh Fish

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 14 Março, 2008

James Carville, um dos aquitectos da vitória de Bill Clinton em 1992, escreve no Financial Times sobre as recentes demissões de conselheiros de Hillary Clinton e Barack Obama e apela a um maior poder de encaixe da parte das candidaturas e da imprensa:

This sort of hyper-sensitivity diminishes everyone who engages in it, both the candidates and the media. Politics is a rough and tumble business, and yet there seems to be an effort by the commentariat to sanitise American politics to some type of high-level Victorian debating society.

Read My Lips

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 11 Março, 2008

Bill Clinton elevou o “sorriso invertido” a uma forma de arte. Usava-o em momentos emotivos e quando pedia desculpa à nação pelo seu comportamento. Não o estou a acusar de cínico – toda a política tem algo de teatral. E este “sorriso” transmite emoção, contenção e arrependimento.  Há inúmeros exemplos na internet, como este:

Pelos vistos Clinton deixou escola, como se vê na fotografia mais em voga para ilustrar a notícia do momento:

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As fotografias mostram também como neste skill, como em tantos outros, o “mestre” tende a ser mais subtil que o “discípulo”…

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Hipocrise

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 11 Março, 2008

Nas últimas horas os jornais americanos só falam do escândalo que envolve o governador democrata de Nova Iorque, Eliot Spitzer, que aparentemente tinha ligações a uma rede de prostituição. Mas a verdadeira notícia é a hipocrisia de um dos mais moralistas políticos americanos. 

Ao contrário do retrato apressado que se faz deste lado do Atlântico, os políticos moralistas não estão apenas na direita evangélica. Também os há no partido democrata. As causas de Spitzer eram os abusos e ilegalidades dos CEOs das grandes empresas de Wall Street e as redes de crime organizado. Eram estas as grandes batalhas e as bandeiras nas suas campanhas para o cargo de district attorney e depois para governador.  Fazia-o com o zelo do moralista, com declarações inflamadas, alarmistas e justiceiras. Deste modo paga agora mais pela hipocrisia e pela desfaçatez do que pelo acto em si.

E penso que é correcto que seja assim. Andrew Sullivan escreveu ontem no seu blog que “It’s pretty slam-dunk. But I still feel sorry for him. Being human means failing”. Claro que ser humano é falhar mas tratar este assunto apenas como um mero drama pessoal pode obscurecer um importante ponto político – ninguém obrigou Spitzer a assumir uma postura pública completamente oposta à sua prática quotidiana. E a decisão de assumir essa postura foi um acto racional que teve como resultado votos e vitórias eleitorais. Assim, esta história ilustra também uma espécie de fraude eleitoral.  

Devo confessar que a queda de um moralista não me provoca grande tristeza.

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Monster

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 8 Março, 2008

Um “monstro” arrancou-lhe o poder.

McCain Hugs Campaign

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 6 Março, 2008

 

Ontem foi “hug day”. Bush recebeu McCain e mostrou o seu apoio ao candidato republicano. É questionável se McCain devia dar abraços a Bush nesta fase do campeonato, mas Bush certamente precisa dos (fortes) abraços de McCain. Provavelmente McCain pertence a este movimento – Free Hugs Campaign – que tem como mote o abraço enquanto “selfless act performed by a person for the sole reason of making others feel better” (wikipedia). Se não ganhar a eleição para Presidente dos EUA, McCain já tem com que se entreter na reforma.

PS: Os internautas já descobriram que temos a fotografia de McCain a abraçar Bush aqui e têm usado e abusado do nosso blog.

Temos lutador?

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 5 Março, 2008

 

No tema do “what’s next” nas primárias democratas, a questão do momento é se Barack Obama vai (e é capaz) de responder aos ataques de Clinton que, segundo vários comentadores, foram essenciais para os resultados de ontem. Veja-se aqui e aqui. A questão é muito delicada. Vamos por partes.

Primeiro, atacar é bom. Pois, nem sempre. O International Heral Tribune dizia há pouco mais de uma semana o seguinte: “Clinton’s hard-edged instinct for negative politics has usually turned off the public”. O ataque do plagiarismo de Obama não me parece que tenha sido bem pensado, mas o da relação de Obama com o Canadá sobre a NAFTA, deve ter tido o seu efeito.

Depois, deve Obama atacar Hillary? Se o fizer, está a ir contra os seus princípios de uma nova forma de fazer política (aonde é que eu já ouvi isto?), mas caso não o faça, perde uma parte fundamental da forma de ganhar eleições. Obama está num forte dilema. Seguir o que apregoa ou fight back. Agora, com esta importante decisão, Obama mostrará se é ou não um líder forte e se é capaz de recuperar o momentum perdido.

Obama necessita de utilizar todo o capital intelectual do seu staff para criativamente atacar Clinton, sem invalidar os seus princípios. Por exemplo, o seu flyer sobre a opinião de Hillary sobre a NAFTA nos anos 90 não é um bom caminho. O anúncio de Hillary de que é a pessoa certa para atender o telefone na Casa Branca às 3 da manhã é o caminho certo. Não fala directamente de Obama, mas deixa entender que não está preparado. Obama respondeu, mas precisa de mais, precisa de ser o originador do debate. Obama para ganhar terá que evoluir do “hope” e “change” como Hillary evoluiu de “experienced” para “fighter”.

A corrida mais louca do mundo

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 5 Março, 2008

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Com a vitória clara de Clinton em Ohio e Rhode Island, a vitória de Obama em Vermont, e o empate técnico no Texas (neste momento em que escrevo ainda não há vencedor declarado), a ilação a tirar desta mini-Super-Tuesday é que a corrida democrata continua. As estatísticas valem o que valem, mas tenha-se em consideração que nas últimas ocasiões em que os democratas “arrastaram” a decisão final sobre o seu candidato até à Convenção Nacional (1952, 1972 e 1980), perderam sempre a eleição para Presidente.

Acabou-se a música

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 5 Março, 2008

NAFTA

Posted in Estados Unidos, Internacional by Francisco Camarate de Campos on 4 Março, 2008

 

Muito se tem falado nos últimos dias sobre a política económica dos candidatos democratas às eleições americanas, em especial de Barack Obama, e em particular sobre as suas ideias aparentemente mais proteccionistas como a renegociação com o México e o Canadá da NAFTA. Veja-se aqui e aqui. Tempo de campanha em Estados (Ohio) que viram perder um número elevado de trabalhos nos últimos tempos é propício a esta discussão. Tem razão a “estratega” republicana Mary Matalin quando diz que quanto mais as primárias democratas demorarem, mais à esquerda o debate se tornará, e mais benefícios colherá o candidato republicano.

Dito isto, para lá da semântica, o que sobra é que estas ideias, se levadas muito a sério, têm como problema principal “apenas” uma questão de mensagem do que valorizamos. Simplificando numa frase: se somos pró-globalização, então não deveríamos apregoar estas ideais proteccionistas. Esse é o argumento. Se não queremos ver as barreiras comerciais a subir, então não devíamos “falar” abertamente dos problemas da liberalização. Isto porque, na realidade, um aumento dos acordos de comércio internacional não promove grandes ganhos económicos. Com as quedas das tarifas internacionais dos últimos anos, já não há assim tanto a ganhar com a liberalização. Nas contas mais optimistas do Banco Mundial, uma liberalização total do comércio internacional apenas acrescentaria 0,8% ao PIB mundial de 2015! Até em relação à NAFTA os economistas têm tido dificuldade em calcular grandes benefícios para o México. Eu acredito que em acordos bilaterais haja ganhos mais significativos para as partes envolvidas (se se tiver em consideração acessos a mercados, relações privilegiadas, diversão de comércio de outros países), não são é necessariamente bons para todos (e têm de ser bem negociados!).

Assim sendo, o ponto é que o debate provavelmente já deveria ter evoluído para outra questão – já não deveria estar centrado na redução das tarifas, mas mais noutras formas de aumentar a integração mundial, como seja o mercado de trabalho ou, mesmo dentro das barreiras, outras que sejam menos aparentes (relações históricas entre países, distribuição, questões linguísticas, sistemas fiscais, etc).

Reagobama

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 3 Março, 2008

 

Christopher Caldwell escreve no Financial Times deste fim-de-semana um excelente artigo sobre as diferenças entre Obama e Clinton (oferecendo também ele uma almofada a Obama) e pega num tema que tem vindo a ser recorrente nos últimos meses: a relação entre Obama e Reagan.

To read Mr Obama’s political autobiography, The Audacity of Hope, is to see an interest in Reagan that borders on fascination. “I understood his appeal,” Mr Obama writes.

O argumento é que Obama, tal como Reagan, não esconde a sua ideologia. Em 1980 o candidato republicano conseguiu atrair milhares de votantes independentes e democratas sem precisar de fazer um discurso ao centro. A eleição de Reagan contrariou a tese (da rational choice theory) que defende que um candidato tem que fazer campanha ao centro e “capturar” o votante mediano para ganhar eleições. 

O argumento até é interessante, mas parece-me prematuro. Pode ser que Obama consiga seguir os passos de Reagan e “violar” mais uma vez as regras normais que conduzem a uma vitória eleitoral – se alguém está em posição de o fazer é ele. Mas ainda é cedo para fazer este tipo de comparações: em primeiro lugar ainda estamos na fase das primárias, pelo que Obama ainda tem poucos incentivos para avançar para o centro – vamos ver se a coisas mudam quando (e se) estiver sozinho face a McCain. Em segundo lugar, Reagan mudou completamente os termos do debate, algo que Obama ainda não fez. Recentemente foi publicado um livro que usa o exemplo de Reagan para ilustrar um dos conceitos mais interessantes da ciência política recente – “heresthetics” – um nome inventado por William Riker para descrever situações nas quais um político consegue mudar radicalmente os termos do debate. Hoje já nos esquecemos, mas Reagan lançou duas ideias que estavam completamente fora da agenda e que tinham conduzido a derrotas em anos anteriores – forte liberalização da economia (quando, parafraseando as palavras de Nixon, “todos eram Keynesianos” e as ideias de Goldwater eram mal recebidas nas urnas) e intensificação da retórica anti-soviética (numa altura em que se vivia a détente ou “normalização” no relacionamento entre as duas superpotências).

Até ao momento não ouvi Obama defender ideias e políticas que se possam comparar a estas em termos de afastamento do mainstream (não, “change” e “hope” não contam). Não quer dizer que o tenha que fazer para ganhar ou que não o venha a fazer – o ponto é que, pelo menos por enquanto, comparar Obama com Reagan é forçar a história.

Fish Map

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 1 Março, 2008

Como temos descoberto nos últimos anos, o sistema eleitoral americano é confuso e messy.  Os problemas têm surgido no processo – os “hanging chads” na Florida em 2000, as suspeitas em relação ao sistema computadorizado de voto (ver esta sátira do The Onion) e as penalizações por primárias antecipadas – mas também fruto das regras do jogo – os superdelegados, os delegados, o colégio eleitoral, etc.

A democracia americana tal como foi concebida pelos founding fathers – Madison, Jefferson, Adams, Franklin, Washintgon, Hamilton e outros – é um dos mais brilhantes feitos da humanidade. E a Europa aprendeu muito e ainda tem muito a aprender com os EUA nesta matéria. Mas um aspecto curioso é que o dia-a-dia da política americana é bastante mais agreste e agressivo do que se poderia pensar. Alguns dos vídeos políticos que temos vindo a compilar mostram este aspecto mais negro e crú da política americana e recorde-se que foi na américa que praticamente se inventou e apurou o uso de campanhas “negativas”. Quanto à demagogia na política, o clássico é “All the King’s Men“, uma obra de ficção de Robert Penn Warren baseado num caso real de “local politics” no sul dos EUA. 

Uma das manifestações deste duro processo eleitoral é o chamado gerrymandering, a prática de re-desenhar o mapa dos distritos eleitorais de forma a beneficiar um dado partido ou candidato. O congresso federal é composto por duas câmaras – o Senado, com dois eleitos por cada Estado (para que haja uma representação equitativa de todos os estados, grandes e pequenos) e a Câmara dos Representantes (que compensa o pressuposto anterior criando um órgão mais representativo da população, pois cada membro é eleito pelo mesmo número de pessoas, o que faz com que a Califórnia tenha mais de 40 representantes e Rhode Island tenha só dois, por exemplo). Quando de dez em dez anos se faz um censo à população, a lei dita que se redesenhe os distritos para fazer face a mudanças demográficas e mobilidade interna, pois há que garantir que o distrito continuar a ter mais ou menos o mesmo número de pessoas. O problema é que este processo é aproveitado para criar distritos uniformizados ideológicamente de forma a beneficiar um dos candidatos (normalmente o incumbente). Por exemplo, se uma dada zona nos arredores de uma cidade californiana tem vindo a receber nos últimos dez anos muitas pessoas da cidade, que tradicionalmente votam mais democrata, um dado incumbente repúblicano que tenha como base de apoio os agricultores locais pode ver o seu lugar em perigo. Assim, surgem incentivos para construir distritos a “regra e esquadro” de forma a literalmente apanhar alguns bairros e deixar de fora outros (que o político acha mais incertos ou mais hostis). Assim, quando se vê nos mapas uns “corredores” e umas “penínsulas” suspeitas percebe-se que houve algum trabalho de gerrymandering. Alguns exemplos: 

                               

 

The Ohio girl

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 29 Fevereiro, 2008

Gail Collins escreve sobre the boring Hillary Clinton:

If Hillary Clinton were a state, she’d be Ohio.

Lou Dobbs, jornalista

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 28 Fevereiro, 2008

Lou Dobbs, da CNN, é talvez o pior jornalista no activo. Ouvir Dobbs é perceber que a demagogia não está confinada ao campo político e que, se possível, ainda é mais gravosa no jornalismo devido à presunção de neutralidade. Lou Dobbs é ferozmente anti-comércio internacional, anti-empresas e anti-imigração, atitude que mistura com um nacionalismo bacoco. Mas o ponto não é esse. Dobbs podia ser apaixonadamente a favor da globalização e dos salários dos CEOs. O que não pode é fazer reportagens como esta (e tantas outras iguais ou piores) e continuar a ser chamado de jornalista*:

A reportagem contém quase todos os clichés anti-capitalismo. Dobbs percebe bem a ferida em que esgravata – sabe que muitas pessoas estão assustadas com a recessão e com o desemprego e predispostas a este tipo de reportagens, sabe que isto vende e sabe que descobriu um filão (até já se usa nos EUA o termo “Lou Dobbs democrats”). Será este o futuro da esquerda americana? Espero que não.  

O pior é que Obama e Clinton, num estilo mais moderado, é certo, e instigados pelas primárias do Ohio, têm caído na tentação de ir por esta via, como se viu nas declarações sobre a NAFTA no último debate.

* – Lou Dobbs tem, aliás, uma curiosa interpretação do trabalho do jornalista, que devia ir directamente para os manuais de jornalismo enquanto sinal de alerta: “What you won’t see on our broadcast is ‘fair and balanced journalism.’ You will not see ‘objective journalism.’ The truth is not ‘fair and balanced.’ There is a nonpartisan, independent reality that doesn’t give a damn, frankly, what two Democrats and two Republicans think about anything or say about anything.” (New Yorker)

Clinton III

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 28 Fevereiro, 2008

A revista New York Magazine tem um artigo interessante sobre Chelsea Clinton, o seu percurso enquanto figura pública, e como tem vindo a ganhar maturidade para eventualmente seguir os passos dos seus pais na vida política activa. Chelsea fez ontem 28 anos e poderá nos próximos anos ser o alvo principal da atenção política e mediática sobre a dinastia Clinton, caso se confirme o aparente insucesso da campanha da sua mãe a presidente dos EUA. Entre as conclusões do artigo, destaque para:

But after all that she’s been through, is it even conceivable that Chelsea would want to embark on anything like a political career? Most children of people who have been battered like the Clintons have been battered would recoil. Still, Chelsea has shown in the last few months that she is, emphatically, a Clinton. She’s a natural politician, stunningly good at it.

Obama e Religião II

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 26 Fevereiro, 2008

Duas horas depois de escrever este post, descubro, via Público, que anda a circular (com origem no campo de Hillary, segundo os apoiantes de Obama) esta fotografia:

Obama e Religião

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 26 Fevereiro, 2008

 

Questão complexa. Principalmente porque na Europa temos muita dificuldade em compreender o papel da religião na vida e na política americana. Há uma tendência para a caricatura e para tratar alguns casos específicos e circunscritos de maior extremismo como representativos do mainstream religioso americano.

Mas caricaturas aparte, algo que de facto distingue os EUA da Europa é a facilidade com que os políticos tiram referências religiosas da algibeira. Desenganem-se os que pensam que o fenómeno está confinado ao partido republicano ou à direita evangélica. Alías, para mim, um dos exemplos mais flagrantes e representativos deste fenómeno foi o discurso de Bill Clinton na apresentação oficial dos resultados do “Human Genome Project”. Num dos momentos mais importantes da história recente da ciência,  Clinton sentiu a necessidade de abrir o seu discurso dizendo “Today, we are learning the language in which God created life.”, afirmando mais à frente  que “we are gaining ever more awe for the complexity, the beauty, the wonder of God’s most divine and sacred gift.”

As posições religiosas expressas por Obama podem ser consideradas moderadas para o contexto norte-americano. Na melhor tradição de eficiência americana, as mesmas podem ser convenientemente analisadas neste memo preparado pela campanha. Para Obama, a questão religiosa é particularmente sensível porque segundo alguns comentadores, está a instalar-se entre sectores da população a ideia de que Obama é um muçulmano disfarçado. Esta extraordinária ideia não pode infelizmente ser ignorada pelos estrategas do candidato. Uma reacção de pânico poderá ser “aumentar o volume” do discurso cristão. Vai ser interessante – e um bom teste – ver a forma como Obama lidará com a situação. 

(fotografia: Jeff Haynes/AFP/Getty)

Ralph Nader

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 24 Fevereiro, 2008

Contra o “Corporate Greed, Corporate Power and Corporate Control”, Ralph Nader está a anunciar neste momento no Meet the Press a sua candidatura à presidência dos Estados Unidos. Segundo sondagens da Gallup, apenas 24% dos americanos estão satisfeitos com os políticos que têm. É esta a plataforma que justifica mais uma candidatura de Nader. O candidato que alegadamente “roubou” a vitória a Gore em 2000, explicou recentemente a Riz Khan as suas opiniões:

Quem disse isto?

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 24 Fevereiro, 2008

Quem disse isto?

We’ve gotten to where we’ve nearly them’d ourselves to death. Them, and them, and them. But this is America. There is no them; there is only us.

Não vale googlar!

Pink fish

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 19 Fevereiro, 2008

Entrevista de Obama à revista côr-de-rosa People:

First concert?
Elton John, when I was 10. The music was terrific, but I didn’t get all the plumage. I guess I get it now.

Sonny & Cher or Donny & Marie?
Sonny & Cher, even though Sonny ended up Republican. I thought Cher was pretty hot.

Who would you most like to meet?
Bruce Springsteen. He strikes me as a good person.

Vale a pena também ver 5 dos momentos mais divertidos em política dos programas da tarde da televisão americana – Aqui.

Reinventar o republicanismo

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 18 Fevereiro, 2008

Ryan Lizza procura perceber num artigo no The New Yorker se McCain é capaz de reinventar o republicanismo:

In 2000, McCain railed against corporate power and the influence of lobbyists and money in politics. Today, the only mention of corporations in his stump speech is a demand that the corporate-tax rate be lowered. After 2000, McCain seemed briefly to be considering leaving the Republican Party, just as Roosevelt had. But, once terrorism and the war in Iraq became the preeminent issues, he decided instead to take over the Party.

McCain is careful not to mock the broader libertarian right, which makes up a far larger share of his party than Paul’s followers do. Nonetheless, his victory is a repudiation of small-government conservatism, a development not seen in the years of Barry Goldwater, Reagan, and the two Bushes. “For the first time since Eisenhower,” Newt Gingrich told me, “you have someone who has clearly not accommodated the conservative wing winning the nomination. That is a remarkable achievement.”

Em poucas palavras, a hipótese da necessidade de reinvenção resulta dos Estados Unidos estarem a evoluir – maior peso de imigrantes, jovens mais “democratas” que noutros tempos – e do próprio partido estar a evoluir – mais apoio interno para intervenções “eficientes” do Estado em áreas específicas. De qualquer forma, a dúvida fica se McCain chegará a fazer essa reinvenção ou se acabará por ser sobreposto pelo poder da reacção.

He’s got the Power

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 18 Fevereiro, 2008

Na sequência do comentário do António sobre Obama, Brzezinski e companhia limitada, conto uma estória menos conhecida da irlandesa Samantha Power, a face jovem dos conselheiros de política externa do candidato democrata à Casa Branca.

Apesar do currículo aparentemente cheio de sucesso, Samantha tem uma história de ascensão na vida política estadounidense típica de um sonho americano: julgo que por alturas nos anos 90 em que era correspondente jornalística na antiga Jugoslávia, decidiu dedicar-se a estudar o fenómeno do genocídio, tendo-se proposto fazer uma análise sobre o assunto durante 3/4 anos e, no seguimento desse trabalho, escrever um livro sobre o tema. Samantha bateu a todas as portas de editoras e ninguém se mostrou interessado em patrocinar o seu research durante 4 anos sobre genocídio. Depois de momentos de desespero, lá conseguiu uma editora que lhe financiasse esta sua heróica missão. Quando percebeu a dimensão do tema, viu-se na necessidade de dedicar mais tempo ao livro e acabou por só concluir o estudo e o manuscrito inicial após 7 anos de análise! Quando apresentou o trabalho final ao editor, este disse-lhe que já não estava interessado em publicar o livro, porque era muito longo – que ninguém o ía ler.

Samantha aí não baixou os braços e foi novamente de porta em porta apresentar a sua obra e mais uma vez ninguém se mostrou receptivo…até que lá conseguiu após muito esforço quem lhe publicasse o livro. O interessante deste conto é que tem um final feliz, o livro “Problem from Hell: America and the Age of Genocide” acabou por ser aclamado pela crítica, tendo recebido em 2003 o Pulitzer Price. A partir daí, tudo se tornou mais fácil: Samantha conseguiu tenure em Harvard, escreve para a Time e o NY Times, foi conselheira no Senado de Obama em 2005-06 e está pronta a publicar um livro sobre Sérgio Vieira de Mello, de quem diz (via Men’s Vogue):

Sergio has the chance to be the face that we’ve never had—for international law, for international institutions, for the kinds of sacrifices, and just again a paradigm shift.

Em resumo, se Samantha Power não acreditasse piamente no projecto em que se meteu, não estaríamos aqui a escrever sobre ela. Qualquer outra pessoa teria desistido a meio do processo – a persistência naquilo em que se acredita, por vezes paga.

(Artistic) Political Fish

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 16 Fevereiro, 2008

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Adaptado a partir de artigo do NY Times
 

Obama, Brzezinski, Cirincione, Power

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 16 Fevereiro, 2008

Quatro nomes fora do comum que poderão estar no centro da política externa americana nos próximos anos*. 

Este artigo faz um bom resumo das diferenças no pensamento sobre política externa dos dois principais candidatos do partido democrata.

Num certo sentido a equipa de Hillary é mais “segura” e mais previsível. É constituida por pessoas que estiveram na administração do marido. A grande figura é Richard Holbrooke, que tem uma enorme experiência de “diplomacia em acção” e é talvez o mais eficaz negociador e mediador diplomático americano. Tanto Holbrooke como as outras figuras da equipa de Hillary são menos “puras” em relação ao Iraque do que as pessoas à volta de Obama, o que é coerente, aliás, com as posições de ambos candidatos. A equipa de Hillary tem sido, em geral, caracterizada como um pouco mais “hawkish” do que a de Obama.  

Mas as comparações complicam-se devido à figura central entre os conselheiros de Obama – Zbigniew Brzezinski. Trata-se de uma das personalidades mais interessantes e controversas da diplomacia norte-americana. Se Holbrooke é um homem de acção, Brzezinski é um intelectual. Este anterior National Security Advisor de Carter tem assumido posições complexas e subtis ao longo da sua carreira e levanta mais incógnitas do que os outros advisers, tanto de Clinton como de Obama. Um aparte: não deixa de ser extraordinário que grande parte da força intelectual ainda dominante na política externa americana tenha sido lançada, para o bem e para o mal, por Nixon/Gerald Ford e por Carter – não me lembro de mais nenhuma área política dominada ainda por personalidades dessa época. Tanto a administração Bush I e II como a Clinton I e a possível Clinton II ou Obama I (e talvez daqui a uma decada e meia Obama II, com a Michelle!) foram/são dominadas por pessoas que se “fizeram” nesses dois governos (e portanto num contexto de guerra fria).

Enquanto principal conselheiro de Carter, Brzezinski era claramente mais “hawkish” e menos idealista do que o partido democrata e mesmo do que o presidente. Apoiou Bush pai (Madeleine Allbright, parte da actual equipa de Hillary Clinton, apoiou na altura Dukakis). Mais recentemente foi um dos principais críticos da “war on terror” de George W. Bush, principalmente da invasão do Iraque. Tema a retomar! 

Via Wikipedia – Brzezinski é o (único) sorridente, atrás de Carter   

* – Embora neste momento ache que McCain vai ganhar…

Mitt, já negociou a vice-presidência?

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 8 Fevereiro, 2008

Does history repeat itself?

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 8 Fevereiro, 2008

Será que a história repete-se? Em 1976, Gerald Ford e Ronald Reagan foram para a convenção republicana de Kansas City sem nenhum dos dois ter delegados suficientes para garantir a nomeação. Ford na altura ganhou durante a convenção o apoio que necessitava por escassa margem, mas muitos questionaram-se à saída se seria o melhor candidato. The rest is history: Ford veio a perder para Carter na eleição para Presidente, que por sua vez perdeu para Reagan em 1980.

Com uma parte considerável das primárias democratas já realizadas, os dois principais candidatos têm uma margem de diferença muito escassa – 14 milhões de votos contados e menos de 0.5% de diferença entre Hillary e Barack. Neste ambiente, e com mais de três semanas até aos próximos grandes estados (dando a oportunidade a Obama de reduzir a diferença nestes estados face a Clinton), é necessário pôr alguns pontos na probabilidade de que se venha a ter uma convenção nacional democrata sem vencedor antecipado.

Nesse cenário, importante para Hillary Clinton, como o foi para Ford, será o seu apoio no seio do aparelho do partido – 193 super-delegados até ao momento contra 106 para Obama – já para não falar na possibilidade remota de Florida e Michigan virem a ser incluídos na contagem. Se com esses apoios decisivos Clinton vencer as primárias…aí, à saída da convenção, certamente muitos se perguntarão se nomearam the wrong girl.

Uma nova tendência na imigração

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 8 Fevereiro, 2008

George Borjas aborda uma possível nova tendência na imigração para os EUA: há um suposto êxodo de imigrantes ilegais de estados americanos que impuseram recentemente leis pesadas anti-imigração para outros que sejam mais receptivos. Borjas faz a seguinte comparação:

There’s been a debate in labor economics about whether native workers respond to the negative wage impact of immigration by moving to areas that have fewer immigrants. Now we have another question to argue over: Do illegal immigrants move to states that are more willing to ignore their presence?

 

Tsunami Tuesday – Republicanos

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 6 Fevereiro, 2008

Com alguns resultados ainda em fase de confirmação, podemos tirar as seguintes conclusões iniciais e ideias para o que vem a seguir sobre a terça-feira gorda dos republicanos:

1. McCain está muito próximo da vitória.

2. Talvez esperasse que o tivesse por números mais claros. As vitórias na Califórnia, em Nova Yorque e Illinois são clarissímas e importantíssimas, mas nos estados do interior, de que vai necessitar em Novembro, tem dificuldade em penetrar.

3. Romney é o grande perdedor da noite, mesmo incluindo nestas contas os democratas. Não conseguiu ganhar com a falta de força de McCain entre os conservadores mais tradicionais e parecem ser fracos os seus números no estado da Califórnia (face ao crescendo de expectativas).

4. Huckabee renasce das cinzas. Quando menos se espera, eis que regressa em força com vitórias em Alabama, Arkansas (estado de origem), Georgia, Tennessee e West Virginia. Como Huckabee disse no seu discurso desta noite:

They said that this was a race between two. They said, and they were right…and we’re part of those two!

5. Evangélicos estão mais divididos do que se possa pensar. Polls indicam um terço para cada – Huckabee, Romney e McCain, com ligeira vantagem para o primeiro.

6. Missouri – estado normalmente associado à voz geral do país – foi também para os republicanos uma luta fraticida. McCain venceu com uma margem mínima para Huckabee logo seguido por Romney. Huckabee conseguiu os votos dos agricultores e McCain e Romney dividiram os votantes nas cidades principais.

7. McCain parece a escolha, mas Huckabee vai lhe vender cara a vitória com a sua força no Sul. Romney parece mais longe. Precisava de uma grande vitória que não teve.

8. Os republicanos têm um dilema: escolher entre alguém que acreditem, mas que perca as eleições de Novembro, ou escolher alguém de quem têm muitas dúvidas, mas que lhes pode fazer ganhar novamente a Casa Branca. A dúvida para John McCain é como que pretende enfrentar este dilema republicano – motiva-os a votar e perde o centro ou esquece-os e perde o partido?

Tsunami Tuesday – Democratas

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 6 Fevereiro, 2008

 

Com alguns resultados ainda em fase de confirmação, podemos tirar as seguintes conclusões iniciais e ideias para o que vem a seguir sobre a terça-feira gorda dos democratas:

1. A corrida ainda não acabou. Hillary ainda não ganhou a nomeação democrata, o que seria uma hipótese forte há não muito tempo atrás.

2. Hillary ganha grandes estados – Califórnia e NY – e consegue um óptimo resultado em Massachusetts, respondendo com números ao apoio de Ted e Caroline Kennedy a Obama.

3. Obama ganhou mais estados (13 – Alabama, Alaska, Colorado, Connecticut, Delaware, Georgia, Idaho, Illinois, Kansas, Minnesota, Missouri (ver abaixo), North Dakota, e Utah), mas menos delegados. Alguns dos estados em que ganhou foi através do sistema de caucus.

4. Obama ganhou por larga margem em estados denominados “red states”, dando voz ao argumento que é a solução que melhor poderá combater os republicanos nas eleições de Novembro.

5. Hillary aparentemente (ainda com 20% dos votos contados, mas já como vencedora) conseguiu um óptimo resultado na Califórnia. Hillary perde entre a comunidade branca! e negra, mas ganha em grandes números nos hispânicos e asiáticos. Dois terços dos latinos (25% dos votos) optaram por Clinton. Em Nova York pesam menos (10% dos votantes), mas escolheram-na ainda em maior número – 75% Hillary. Se Obama quer ganhar o partido, necessita de ganhar esta comunidade. E não está a faze-lo.

6. Em Missouri há um impacto técnico. Com 99% dos votos contados, não há um vencedor declarado, embora Obama esteja à frente com 6500 votos de distância em mais de 800 mil. Este estado é importante por ser considerado o mais próximo da vontade geral do país. Basicamente é mais uma indicação que os votantes nas primárias democratas estão totalmente divididos entre os dois candidatos.

7. E agora? Próximos estados podem favorecer Obama – Louisiana e Nebraska dia 9, Maine caucus dia 10, e DC, Maryland e Virginia dia 12.

8. Hillary continua a ser favorita. Com a vitória clara na Califórnia, Hillary tornou uma noite que lhe poderia ter causado alguns amargos de boca num bom resultado. Algumas dúvidas para o futuro: Que estratégia para os próximos estados antes de se chegar ao Texas em Março? será para Clinton suficiente para “ganhar o partido” vencer estas eleições com vantagem mínima? O que pretende fazer a Bill se vier a liderar os democratas?

Tsunami Tuesday!!

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 5 Fevereiro, 2008

Talvez o melhor resumo numa única página do que está em causa neste dia: número de delegados por Estado por partido, regras por Estado por partido e últimas sondagens. Provavelmente para a Califórnia teria as minhas dúvidas em colocar a sondagem da SurveyUSA (53% Clinton, 41% Obama), que contradiz (pelo menos em magnitude da diferença) as restantes sondagens.

Super Tuesday states
Super Tuesday states
February 5, 2008

Via LA Times

Yes, we can

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 3 Fevereiro, 2008

Tsunami Tuesday update

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 2 Fevereiro, 2008

Hillary aparece mais destacada nas últimas sondagens, já pós desistência de Edwards. Aqui e aqui.

Obrigado por seres quem és

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 2 Fevereiro, 2008

Sei que depois de dito parece óbvio mas foi graças ao Financial Times de hoje que percebi a razão pela qual estas primárias são tão excitantes e estão a despertar tanto interesse na américa e no mundo. Temos que agradecer a este senhor…

…que por ser quem é, e por ser como é, e por não se candidatar, faz com que esta eleição seja a primeira em 80 anos nas qual nem o presidente em exercício nem o vice-presidente vão a votos. Se a isto somarmos o facto de não existirem à partida claros favoritos, temos os ingredientes para a mais competitiva corrida à Casa Branca de que há memória.

Disfranchisement II…China Caucus

Posted in Estados Unidos, Internacional by Francisco Camarate de Campos on 2 Fevereiro, 2008

Disfranchisement*

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 1 Fevereiro, 2008

Um causa para o séc. XXI: alargar o voto nas eleições americanas a um pequeno e marginalizado grupo populacional que ainda não tem esse direito: os não-americanos.

Pelo menos há interesse, muito interesse.  

* – não confundir com “Antidisestablishmentarianism”

Tsunami Tuesday

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 1 Fevereiro, 2008

Entre outras, a caminho do Super Tuesday 2008, vale a pena estar atento às seguintes questões nas primárias democratas:

De que lado é que vão estar os apoiantes de Edwards?

  • sindicatos devem apoiar Clinton
  • white males do lado de Obama
  • será que vai existir uma tendência clara?

Que consegue Obama fazer no Estado da Califórnia?

  • Obama está a contar aqui com o apoio de independentes e pessoas que até agora nunca votaram em primárias de forma a poder surpreender nos resultados. Neste momento procura cativar os latino-americanos tradicionalmente pró-Clinton.

Que impacto tem o apoio da família Kennedy em Estados como Massachusetts?

Que vai acontecer nos Estados de maior incerteza – Minnesota, Tennessee, Connecticut e em menor escala Missouri e New Jersey?

[Nos republicanos, as sondagens indicam McCain como vencedor e em muitos estados como Nova York existe a regra de que o vencedor elege todos os delegados à Convenção.]

Tsunami Tuesday, Ilustrado

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 1 Fevereiro, 2008

Fresh Fish

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 31 Janeiro, 2008

 

Na sequência de mais um corte nas taxas de juro pelo FED – mostrando um determinismo sem paralelo – Ricardo Hausmann procura demonstrar neste artigo que a política monetária não é o melhor caminho para os EUA, e que o estímulo fiscal muito menos. Hausmann acredita que os EUA deve ter uma visão de médio prazo, compensando a redução do consumo doméstico com investimento interno e aumento do consumo internacional. Nas suas palavras,

Macroeconomic policy should not be based on a panicky attempt to avoid a 2008 recession at all costs but on a forward-looking strategy that achieves the needed reduction in consumption at the lowest cost in terms of the stable growth. This is not achieved by giving US households a $1,000 cheque by April, a trick that no macro­economic textbook would argue is particularly effective. If there is fiscal room – a big if, given the weak structural position of the US government and its likely cyclical worsening – it would be better spent in accelerating investments in plant and equipment via accelerated depreciation schemes, to improve the capacity of the economy to keep on growing after the crisis. The logic behind monetary easing is also suspect. Much of it is automatic, as central banks pump in money just to keep interest rates steady. It is understandable that politicians facing a November election and bankers with a lot of their money at stake should feel that this is the worst crisis ever and have an obvious interest in exaggerating the consequences for Main Street.

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Fresh Fish

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 30 Janeiro, 2008

Contra a corrente, um artigo optimista sobre os EUA, na Prospect, via Arts & Letters Daily.

Giuliani, a não copiar

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 30 Janeiro, 2008

Agora que estão iminentes os resultados das primárias no Estado da Florida, é de apontar a muito fraca estratégia de Giuliani nas primárias, a qual muito provavelmente o afastará da corrida eleitoral. Recordo que Giuliani era líder pelos republicanos nas sondagens nacionais há cerca de um mês e optou por não fazer campanha nos estados iniciais – Iowa, New Hampshire, Michigan, South Carolina – indo imediatamente para o clima mais quentinho da Florida. Fez-lhe bem ao bronze mas basicamente custou-lhe a eleição. Para além disso perdeu-se num discurso centrado no 11 de Setembro, não soube controlar as suas “falhas” como republicano , e não conseguiu reunir-se das pessoas certas.

Florida, Ilustrado II

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 29 Janeiro, 2008

Giuliani: “show must go on?” Se não ganhar hoje, é pouco provável

* – Sim, é mesmo ele. Mais imagens dignificantes aqui.

Florida, Ilustrado

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 29 Janeiro, 2008

Esperemos que estas imagens das eleições de 2000 não se repitam hoje…

       

Lame duck President

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 29 Janeiro, 2008

 

Foi com ar bem disposto e descontraído que Bush efectuou (esta madrugada em Portugal) pela última vez o discurso do estado da nação. O discurso completo aqui. Dividiria o discurso em quatro áreas:

(1) Por favor deixem-me ainda passar isto
No tópico das novas políticas que o governo ainda quer ver aprovadas antes de sair, encontra-se para a crise imobilária a reforma da Fannie Mae e Freddie Mac (poucos detalhes), modernizar a adminstração do sector e permitir que os estados emitam obrigações para refinanciamento de créditos imobiliários. Isto para além do pacote já aprovado – não é por falta de medidas que não vão lá. Na saúde, de forma a que mais americanos tenham acesso a ela, são várias as medidas para segundo as suas palavras aumentar as opções de escolha, mas não aumentar o controlo do governo. Na educação, aumentar as bolsas. Matthew Yglesias tem umas ideias sobre o tema. Nas políticas de desenvolvimento, 30 mil milhões de dólares para o combate à SIDA. Na ciência, quer passar legislação para proibir compra, venda, cloning e PATENTES da vida humana.

(2) Por favor, não destruam as minhas construções
Nesta área, Bush pediu muito para que não voltem atrás com a descida de impostos pós 11 de Setembro, que não acabem com o apoio a grupos de fé, que se dê dinheiro ao Millennium Challenge Account, e que se continue a apoiar o esforço no Iraque (saída progressiva das tropas, 20 mil na primeira fase).

(3) Quem venha a seguir, não se importa de fazer isto
Depois de criar um elevado déficit fiscal nos últimos anos, Bush tem a coragem de afirmar “American families have to balance their budgets, and so should their Government” – desculpe, mas o timing não parece acertado com o ciclo económico. Na segurança social, pede encarecidamente que se resolva o tema. No tema da imigração, Bush acha que se resolve dentro dos ideais e leis americanos – alguém tem ideias?

(4) Que tal se olharmos a isto desta forma
Todo o discurso caberia aqui. Mas mais específico, no comércio internacional, Bush vem defender o acordo de livre comércio com a Colômbia como uma forma de mostrar aos “falsos populistas” que a liberdade é um mundo melhor – fala no discurso dos benefícios económicos, mas nas entrelinhas deixa transparecer que no fundo é por razões políticas. Na política internacional, falou meia-hora sobre o Iraque para ver se convence uns quantos que as coisas estão no bom caminho e que tudo vai acabar bem – todos vão ter inveja do excelente trabalho a caminho da liberdade que por lá foi feito e ainda lhe vão agradecer…

Quem diria que a marijuana podia definir um tipo

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 28 Janeiro, 2008

[W]hen I was in England I experimented with marijuana a time or two, and I didn’t like it. I didn’t inhale.”         

–Candidate Bill Clinton (The New York Times, 3/30/92)

I inhaled – that was the point.

— Candidate Barack Obama (American Magazine Conference, 10/23/06)

Yes, we can

Posted in Estados Unidos by Francisco Camarate de Campos on 27 Janeiro, 2008

Obama em South Carolina:

Don’t tell me we can’t change.
The choice in this election is not between regions, or religions, or genders, is not between rich vs poor, young vs old and is not about blacks vs whites. This election is about past vs future!

 O discurso de vitória de Obama em Iowa, no momento de surpresa em que aconteceu, foi inspirador em termos de liderança e frieza, ao mesmo tempo que cheio de orientação política para o futuro. Agora a bem mais esperada vitória em South Carolina permitiu a Obama voltar a explicar com superioridade porque ele é o caminho. O discurso rivaliza em termos de qualidade com o de Iowa e aborda (para além do sistema nacional de saúde, Iraque, crise no mercado imobiliário) o tema comum nos discursos de Obama – a união de esforços para um objectivo comum e o combate ao status quo de Washington.

Ontem falava com uma senhora muito experiente em Washington que me dizia que Obama iria criar uma clivagem tão grande com o poder instalado, que de nada seria capaz. O país íria parar. Neste discurso Obama responde a essas críticas com exemplos do seu dia-a-dia (ver parte final do discurso). Nenhum deles é explicação suficiente para nos dar a confiança total que os críticos não têm razão. Para apoiar Obama, tem de se acreditar. Either you do, or you don’t.

South Carolina, Ilustrado IV

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 27 Janeiro, 2008

Obama ganha South Carolina

South Carolina, Ilustrado III

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 26 Janeiro, 2008

Não, não é a bandeira de um Emirato do Golfo Pérsico, é a bandeira de South Carolina

South Carolina, Ilustrado II

Posted in Estados Unidos by António Luís Vicente on 26 Janeiro, 2008

 – “Smile honey, we need more feeling…”

– “Shut up Bill, next thing you’ll be asking me to cry”